Dê natureza de presente para as crianças, recomendam os especialistas

Embasados em pesquisas, eles asseguram que o contato de crianças com a natureza é importante aliado no combate ao estresse infantil e previnem transtornos como ansiedade e depressão

 

Pisar na grama, ter espaço para correr, subir em árvores e refrescar-se no rio. Atividades que fizeram da infância das gerações passadas, mas estão se tornando distantes de muitas crianças de hoje. Especialmente nas grandes cidades, a diversão agora acontece nas telas, no consumo e nos passeios nos shoppings, nos doces e guloseimas, nos playgrounds do prédio ou do restaurante. Seria essa uma evolução social natural, já que o mundo é cada vez mais tecnológico e urbano? Nem tanto.

A falta de contato com o meio ambiente natural tem gerado prejuízos à infância. O pesquisador e jornalista Richard Louv, co-fundador do movimento mundial Rede Infantil e Natureza (livre tradução do inglês), inclusive cunhou o termo Transtorno do Déficit de Natureza para descrever o fenômeno atual da desconexão entre a criança e a natureza e os consequentes impactos negativos na infância.

“De modo geral, se a criança está inserida em um ambiente muito fechado, sem interação, ela dá sinais de estresse, ansiedade, fica entediada. Para que isso seja amenizado, é necessário que ela tenha contato com outros ambientes, principalmente, para que evite tempo excessivo de telas”, concorda a mestre em psicologia e especialista em neuropsicologia, Eleuza Gonçalves.

Por estimular várias funções cognitivas e psiconeuromotoras, o contato com a natureza promove mais percepção às crianças, bem como noções de distância, tato, questões sensoriais e favorece até mesmo o desenvolvimento de relações, diz a psicóloga. “Geralmente, as crianças que têm muitas atividades padronizadas, uma rotina em diversos espaços fechados, nem que seja uma vez por semana, aos finais de semana, ela precisa de uma atividade ao livre. Isso vai fazer com ela fique mais tranquila, mais relaxada”, reforça.

As pesquisas comprovam a observação da profissional. Uma delas foi realizada com 493 famílias com filhos entre 2 e 5 anos, conduzida por especialistas das Universidades de Hong Kong e Auckland e apontou que as crianças que têm contato com a natureza são menos hiperativas, apresentam menos dificuldades comportamentais e emocionais e, como consequência, têm um comportamento social mais adequado.

Um outro levantamento, este realizado no Brasil pelo Instituto Alana com mais de mil pais, mães e cuidadores de crianças de até 12 anos, investigou o papel da natureza para a saúde das crianças durante e após a pandemia. As famílias identificaram que o isolamento e a falta de contato com a natureza levou a um conjunto de efeitos negativos: 24% delas disseram que houve aumento de problemas físicos, como obesidade e falta de vitaminas, por exemplo, e 60% declararam que aumentou o uso de equipamentos eletrônicos pelas crianças.

Por outro lado, a pesquisa constatou que, entre as famílias que buscaram propiciar mais contato com a natureza nesse período,  81% perceberam que as crianças atravessaram a pandemia com mais saúde e bem-estar; 93% disseram que os pequenos ficam mais felizes e ativos física e mentalmente quando estão ao ar livre; 88% notaram que as crianças dormem mais e melhor quando brincam ao ar livre e 85% disseram que as crianças ficam menos estressadas e ansiosas.

Eleuza Gonçalves acrescenta que o contato de crianças com a natureza favorece inclusive uma melhor alimentação, já que isso provoca o conhecimento com frutas, verduras e alimentos que, normalmente, as crianças não veem nos grandes centros urbanos. “Por estarem acostumados a viverem em cidades, prédios, apartamentos ou mesmo que em casa, mas sem o contato próximo com o meio rural, algumas crianças têm pouco conhecimentos dos alimentos como são em sua forma geral. Na maioria das vezes como muitos produtos industrializados e processados e, ao se aproximarem da natureza, passam a conhecer os pés de frutas e isso influencia no padrão alimentar”, ressalta.

 

Carpe Diem

 

Como dica para as famílias, Eleuza aponta que uma simples ida ao parque, pode fazer uma grande diferença na rotina da criança. Além disso, ela lembra que Goiás tem cultura rural e vocação para o ecoturismo, com suas cachoeiras, lagos, parques, grutas e outras atrações naturais. Sem andar muito, é possível descobrir um destino interessante para o lazer da família.

Um desses locais é o Park Santa Branca, situado no município de Terezópolis de Goiás,  a 31 km de Goiânia, 26 km de Anápolis e aproximadamente 170 km de Brasília. Situado na APA do João Leite, ela é uma reserva natural com mais de um milhão de metros quadrados com muito verde e lagos naturais.

O local virou opção para quem mora na região metropolitana e deseja ter mais contato com a natureza, o que inclui lazer para toda a família, incluindo as crianças. O recanto oferece atividades que vão desde banhos de cachoeira, pesca esportiva, passeios a cavalo, tirolesa a stand up, caiaque e outros entretenimentos. Além disso, possui diversos restaurantes e bares com ambientes abertos.

A proximidade com os municípios de Goiânia e Anápolis tornam o recanto ainda mais atrativo para quem deseja dar um tempo na agitação das cidades. O Park é aberto de quinta-feira  a domingo, além de feriados, e funciona às quintas das 08h às 18h e de sexta a domingo e feriados das 08h às 19h.